sábado, 3 de março de 2012

Vende-se Tudo



"No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. 
O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. 
Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma  lição de vida.
Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. 
O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. 
Sentados no chão.

 foto do google

O sofá foi o primeiro que se foi. 
Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. 
Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. 
Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu. 
No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. 
No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. 
Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.
Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.

Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. 
Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile.
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. 
As roupas já estavam guardadas nas malas. 
Fazia muito frio. 
Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:
"só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir,"
 é melhor refletir e começar a trabalhar o DESAPEGO JÁ!
Não são as coisas que possuímos ou compramos que representam riqueza ou plenitude.
São as dádivas especiais que não tem preço, as pessoas que estão próximas da gente e que nos amam, a saúde, os amigos que escolhemos, a nossa fé e Paz de espírito."
(Por Martha Medeiros)

9 comentários:

  1. é mesmo isso, a nossa vida não está nos obejctos, esses podem sempre mudar. o que importa são os afetos. E esses não se podem vender nem trocar por nada!!!

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  2. Sandra, saudades de passar por aqui....
    Entendo bem o que vc quis dizer, pois passei pela mesma coisa quando voltei do Japão (lugar onde morei por quase 10 anos), e isso foi muito bom, pois aprendi muito sobre o desapego, até hj em dia mesmo, não sou uma consumista excessiva, compro com consciência e me desfaço de coisas sem apego nenhum. Acho que a vida fica mais leve....mais verdadeira...carregamos só o que conseguimos e as lembranças...adorei o post.

    Bjos e um ótimo final de semana.

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  3. Eu concordo Sandra, mas não há dúvida que é uma enorme lição de vida. Eu sou muito apegada a memórias e recordações, aqui em casa há muitos móveis que me foram oferecidos e eu recordo como heranças de família, essas não têm preço. Ia custar muito desapegar-me deles, mas as memórias das pessoas ficam sempre no nosso coração, e isso é que é importante.

    Beijinhos

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  4. Sandra, o comentário anterior é meu (Andreia), mas como minha filha tbm tem um blog e ele que estava conectado, saiu com o nome dela....

    Bjos

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  5. Treinar o desapego é importante para que consigamos viver mais livres e felizes.
    Muito bom texto!
    Um bj

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  6. Olá Sandra.
    É uma grande lição de vida com toda a certeza. E a verdade que não é aquilo que temos que faz de nos o que somos. Mas que custa um pouco custa. Bem mas o importante nestas situações são as lembranças que ficam sempre connosco.
    Beijinhos grandes.

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  7. Muito bom este texto , e concordo, da vida a gente só leva os bons momentos e as amizades. Bens materias muitas vezes nos trazem boas lembranças de pessoas ou momentos de nossas vidas, mas o desapego é importante , para não ficarmos presos no passado.

    Beijos.

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  8. Sandra, minha linda, e isso é a mais pura verdade, só os sentimentos é que vão conosco, nada mais levamos daqui.

    ;)
    bjos de carinho na bochecha.

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  9. Olá!
    Tudo bem, querida? Lindo texto e importante para q possamos refletir sobre o q realmente a gente deve valorizar! Adorei.
    Aproveito p te informar do novo sorteio la no Vou-de-Blog, (um cd da banda Betamax e 1 oleo de argan Moroccanoil, q a Elas Fashion está patrocinando). Aparece la, ta bom? http://voudeblog-promos.blogspot.com/2012/02/sorteio-em-parceria-com-banda-betamax-e.html
    Bjos e ótimo domingo.
    Lu

    www.voudeblog.com

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